"Ele tem um cheiro delicioso. E eu não me refiro ao perfume que ele usa - não que esse também não seja bom. Ele tem um jeito meio esquisito de sorrir, mas é lindo. Primeiro o sorriso surge tímido, no canto esquerdo de seus lábios, como quem não quer nada. E depois, vai aumentando e seus dentes alinhadinhos vão aparecendo bem devagar… Feito uma janela sendo aberta de manhã. Acho que essa comparação faz todo o sentindo, é como se eu visse um segundo sol quando ele deixa aquele sorriso todo aparecer. Ele tem aquele andar engraçado, todo cheio de segurança, bem metido. Mesmo que esteja morrendo de medo, de frio ou de morte; ele nunca deixa transparecer o que sente. Essa é uma das coisas que eu mais admiro nele, a frieza com que age. O jeitão meio duro, aquele que não tá nem aí pra nada. Aquela carinha de quem despreza mas que no fundo, à noite liga todo choroso querendo manha. Ele não é alto, também não é meio metro. Tem a altura perfeita: um pouco maior que eu. Assim, fica aquele ar de meiguice quando eu estou na pontinha do pé e ele me levanta, brincando comigo e me chamando de anã. Ele é desastrado, desatento e é a pessoa mais indelicada que eu conheço. Às vezes é meio ignorante, rude. E eu adoro aquele olhar que ele faz de preocupação quando acha que cometeu um erro. Ele tem as melhores mãos do mundo: quentinhas e que se encaixam perfeitamente em minha cintura. Também tem os olhos mais lindos, e eu não me refiro ao um olho azul ou verde, e sim um preto bem escuro, cheio de mistérios e segredos que ele não conta nem pra si mesmo. Adoro quase tudo nele, o que não adoro, eu amo. Adoro desde os dedinhos do pé, gordinhos e grandes, até os cabelos; escuros e bons de puxar. Mas a minha parte favorita é sua personalidade. Adoro o seu jeito e principalmente a falta dele."
- Gabriela Machado
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